segunda-feira, 30 de março de 2015

Eu não sou eu. Eu sou aquele que caminha ao meu lado, a quem não vejo!

Por Adriana Garcia

Quando olhamos os nossos olhos, sejam num espelho ou num lago, temos a inevitável, forte e surpreendente sensação de que alguém nos olha de volta.

(...)
Essa experiência de sermos olhados nos deixa imediatamente sóbrios. Se, como seres humanos, temos dúvida a respeito da alma interior, elas cessam imediatamente. Alguém nos olha de volta questionando, sério, alerta e sem querer nos consolar; e sentimos mais profundidade nos olhos que nos olham do que nos nossos próprios olhos ao olharem o mundo.

Como é estranho! Quem poderia estar nos olhando? Concluímos que é uma outra parte de nós, a metade que não deixamos expressar-se - e esta metade mais sombria e mais séria só nos devolve o olhar em raras ocasiões.
 
Quem olha no espelho recebe uma consciência da sua outra metade, sua sombra ou homem oculto; a consciência desse homem oculto é um objetivo de toda iniciação espiritual e de autoconhecimento.

Os gnósticos falaram muito sobre o gêmeo que se julga ter sido separado de nós ao nascimento, que conserva o conhecimento espiritual que nos é dado antes de nascermos. Quando ele reentra na psique insiste na intensidade e seriedade.

"Eu não sou eu. Eu sou aquele que caminha ao meu lado, a quem não vejo. A quem por vezes consigo visitar e outras vezes esqueço. O que perdoa doce, quando odeio. O que fica calado, quando eu falo. O que passeia quando fico em casa. O que ficará de pé quando eu morrer."

FONTE: João de Ferro - um livro sobre homens, Robert Bly


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